Não me lembro às vezes de que sou feita. Carne e osso, pedra ou água.
Sei, contudo, que o buraco negro que há em mim é de uma escuridão consciente e amável embora não pareça pelo exterior, a olho nú.
Há dias apercebi-me de algo que há muito pensava que tinha ultrapassado: a marca que deixo em cada um. Não deixo, simplesmente, em quase ninguém. Confesso que me invadiu uma certa melancolia pois pensava eu ter combatido até com sucesso essa minha faceta. Mas não, pensei em vão. O certo é que continuo um pouco igual nesse sentido, invisível para muitos, e sentida por poucos. Talvez seja sina minha a pouca ou nenhuma presença, mas também é isso mesmo que me define e talvez me conceda alguma especialidade. Ou talvez seja apenas o meu karma porque em determinada situação me apagaram da linha temporal. Seja o que for, não deixa de ter sido uma valente chapada na cara, que me disse "Acorda, ninguém se vai lembrar de ti."
Dito assim até parece que não valorizo os poucos, mas bons, valorizo sim, mais que muito. Só que ao fim de tantos anos continuo no anonimato extremo e de vez em quando, seja porque razão for, gostaria de ter nome.
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