terça-feira, 22 de maio de 2012

Acorda

Não me lembro às vezes de que sou feita. Carne e osso, pedra ou água. 
Sei, contudo, que o buraco negro que há em mim é de uma escuridão consciente e amável embora não pareça pelo exterior, a olho nú.
Há dias apercebi-me de algo que há muito pensava que tinha ultrapassado: a marca que deixo em cada um. Não deixo, simplesmente, em quase ninguém. Confesso que me invadiu uma certa melancolia pois pensava eu ter combatido até com sucesso essa minha faceta. Mas não, pensei em vão. O certo é que continuo um pouco igual nesse sentido, invisível para muitos, e sentida por poucos. Talvez seja sina minha a pouca ou nenhuma presença, mas também é isso mesmo que me define e talvez me conceda alguma especialidade. Ou talvez seja apenas o meu karma porque em determinada situação me apagaram da linha temporal. Seja o que for, não deixa de ter sido uma valente chapada na cara, que me disse "Acorda, ninguém se vai lembrar de ti."
Dito assim até parece que não valorizo os poucos, mas bons, valorizo sim, mais que muito. Só que ao fim de tantos anos continuo no anonimato extremo e de vez em quando, seja porque razão for, gostaria de ter nome.

terça-feira, 15 de maio de 2012

O Problema das Palavras

As palavras. O grande problema são sempre as palavras. Nem todos lhes dão a mesma utilidade, o mesmo ênfase. Não posso por isso julgar de igual modo algo completamente diferente.
Por surpresa encontrei velhas palavras de um antigo tu. Palavras que não quis apagar e que, por isso, escrevi para não esquecer. Mas esqueci-me, e elas estiveram este tempo todo debaixo do meu nariz. Reli-as. Mais do que uma vez, mais que duas. 
É engraçado como o teu eu que me mentiu sentia mais vontade de me apalavrar com a insuficiência temporal com que se deparava, do que o teu eu de agora que se propõe honesto, numa segunda hipótese de se redimir.
Juro que às vezes não sei de mim. Esta coisa de querer algo que todos dizem que é fantasia, mas que quero acreditar que existe, transforma-me numa demente. 
Se por um lado tenho falta de me encher de tais palavras, por outro só as quero se as usares como eu as uso, com honestidade. Mas a honestidade hoje em dia entrou em desuso, talvez esteja "demodê".
Eu que tenho que dar palavras a uma pessoa tão especial não sei quais usar porque para mim têm de ser as mais sinceras do mundo e lindas à mesma. Não vão ser as melhores porque um infortúnio em mim construíste, mas vão ser fruto de uma dura remodelação, um pouco calejada depois de ter lido o que é para ti um Tudo e um Tanto Faz...

domingo, 13 de maio de 2012

Eu Canto

Confesso que tenho a mania particular de viver no "meu mundinho" um tanto ou quanto à parte. Não é que queira de algum modo ser lunática nem nada que se pareça, mas gosto de aproveitar aquilo que há de bom na vida. Há muito mais do que aquilo que o olho comum vê.
Talvez pelo facto de ter este pensamento transformo-me nalguma coisa vulnerável, mas não é por isso que me deixo abater e transformar numa ovelha igual às restantes. Não. No meu estruturado pensamento esta minha maneira de ser faz-me sentir bem, sou eu em qualquer momento e com qualquer pessoa. Revoltam-me todos aqueles que não respeitam mais ninguém e sim, não gosto de ficar com coisas por dizer. 
Talvez o que lhes falta é cantarem de vez em quando para si mesmos porque às vezes essa maluquice pode ser a coisa mais consciente e reconfortante.

terça-feira, 1 de maio de 2012

A Trança

Indago-me com o seguinte: qual será a trança apropriada?
É uma questão interessante porque por muito que eu ame todo este meio a verdade é que na altura de escolher meto os pés pelas mãos e já de nada sei. Começando por ser um assunto frívolo não o é. É tudo, é o primeiro contacto, é o que pode ou não encaixar-nos, é o que vamos revelar. 
Não sei bem qual será mais própria que tantas outras, a que se destaque à distância e me acene firmemente... não, na verdade não a vejo sequer ao longe e já não é a miopia o problema. É muito mais que isso.
É uma questão de estar, de sentir, de construir. E, portanto, não pode ser uma trança tem de ser "A Trança". Será um elemento identificativo e marcante em concordância com o dia em si mesmo. 
Será esse mesmo dia que marcará o fim de muitas etapas e envergaremos a mais bela trança de todos os tempos, a essência da verdadeira Trança.